segunda-feira, 27 de novembro de 2017

35 - Hipólito de Roma - Tradição Apostólica - Parte 1 (1 a 11)

35
Estudo sobre os Pais da Igreja: Vida e Obra
Hipólito de Roma (160 - 235)
Obra: Tradição Apostólica
Parte I  (Capítulos 1 a 11).



Imagem relacionada






INTRODUÇÃO
Já tratamos de forma conveniente sobre os carismas, esses dons que Deus pôs à disposição dos homens desde o princípio, conforme Sua vontade, atraindo para Si a imagem que Dele se afastara. Agora, movidos pelo amor que devemos a todos os santos, atingimos o ponto máximo da tradição: o que diz respeito às igrejas. Todos, assim, bem instruídos, devem conservar a tradição que perdura até hoje e, conhecendo-a através de nossas palavras, devem permanecer absolutamente firmes, já que o ocorrido recentemente (heresia ou erro) foi motivado pela ignorância e também pelos ignorantes. Que o Espírito Santo conceda a graça perfeita àqueles que crêem na verdade ortodoxa, para que aqueles que lideram a Igreja possam saber como ensinar e preservar tudo de forma conveniente.

1. ESCOLHA E CONSAGRAÇÃO DOS BISPOS

Deve ser ordenado bispo aquele que tenha sido eleito incontestavelmente por todo o povo. Quando for chamado por seu nome e aceito por todos, reunir-se-ão, no domingo, todo o povo, o presbitério e os bispos. Então, após o consentimento de todos, os bispos imporão as mãos sobre ele e o presbitério permanecerá imóvel. Todos permanecerão em silêncio, orando no coração pela vinda do Espírito Santo. A seguir, um dos bispos, por consenso geral, imporá as mãos sobre o que está sendo ordenado e rezará, dizendo: "Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai da misericórdia e Deus de todo consolo, que habitas nas alturas e baixas o olhar para o humilde; tu, que sabes de todas as coisas antes de nascerem; tu, que deste as leis da tua Igreja pela palavra da graça, elegendo a raça dos justos de Abraão, desde o princípio, constituindo-os chefes e sacerdotes; tu, que não deixaste teu santuário sem administração; tu, que desde o princípio dos séculos, te agradas em ser glorificado por estes que elegeste, derrama neste momento a força que sai de ti, o Espírito de liderança que deste ao teu querido Filho, Jesus Cristo, e que Ele concedeu aos santos apóstolos, de forma que constituíram a tua Igreja por toda a parte, o teu Templo, para louvor e glória eterna do teu nome. Pai, que conheces os corações, permita a este teu servo que escolheste para o episcopado, apascentar o teu rebanho santo, desempenhando o primado do sacerdócio de forma irrepreensível perante ti, servindo-te noite e dia. Concede-lhe tornar propícia a tua imagem, incessantemente, oferecendo os sacrifícios da tua Santa Igreja e, com um espírito de superior sacerdócio, possuir o dom de perdoar os pecados conforme a tua ordem, distribuir os cargos [eclesiásticos] segundo o teu preceito, desatar quaisquer laços conforme o poder que deste aos apóstolos e ser do teu agrado, pela mansidão e pureza de coração, para que te ofereça um perfume agradável, por teu Filho, Jesus Cristo, pelo qual te damos glória, poder e honra, ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém".

2. ORAÇÃO EUCARÍSTICA

Assim que se tenha tornado bispo, todos ofereçam-lhe o ósculo da paz, saudando-o por tornar-se digno. Os diáconos, então, oferecer-lhe-ão o sacrifício e ele, após impor suas mãos [sobre o sacrifício] dará graças, juntamente com todo o presbitério, dizendo: "O Senhor esteja convosco". Todos responderão: "E com o teu espírito". [Dirá:] "Corações ao alto". [Responderão:] "Já os oferecemos ao Senhor". [Dirá:] "Demos graças ao Senhor". [Responderão:] "Pois é digno e justo". Em seguida, prosseguirá: "Nós te damos graças, ó Deus, por teu Filho querido, Jesus Cristo, que nos enviaste nos últimos tempos, [Ele que é nosso] Salvador e Redentor, porta-voz da tua vontade, teu Verbo inseparável, por meio de quem fizeste todas as coisas e, por ser do teu agrado, enviaste do céu ao seio de uma Virgem; aí presente, cresceu e revelou-se teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem. Cumprindo a tua vontade, obtendo para ti um povo santo, ergueu as mãos enquanto sofria para salvar do sofrimento todos aqueles que em ti confiaram. Se entregou voluntariamente à Paixão para destruir a morte, quebrar as cadeias do demônio, esmagar o poder do mal, iluminar os justos, estabelecer a Lei e trazer à luz a ressurreição. [Ele] tomou o pão e deu graças a ti, dizendo: 'Tomai e comei: isto é o meu Corpo que será destruído por vossa causa'. [Depois,] tomou igualmente o cálice e disse: 'isto é o meu sangue, que será derramado por vossa causa. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em minha memória'. Por isso, lembramos de sua morte e ressurreição e oferecemos-te o pão e o cálice, dando-te graças por nos considerardes dignos de estarmos na tua presença e de te servir. E pedimos: envie o teu Espírito Santo ao sacrifício da Santa Igreja, reunindo todos os fiéis que receberem a eucaristia num só rebanho, na plenitude do Espírito Santo, para fortalecer nossa fé na verdade. Concede que te louvemos e glorifiquemos, por teu Filho, Jesus Cristo, pelo qual te damos glória, poder e honra, ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na tua Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém".

3. BENÇÃO DO AZEITE, QUEIJO E AZEITONAS

Se alguém oferecer azeite, consagre-o como se consagrou o pão e o vinho, não com as mesmas palavras, mas com o mesmo Espírito. Dê graças, dizendo: "Assim como por este óleo santificado ungiste reis, sacerdotes e profetas, concede também, ó Deus, a santidade àqueles que com ele são ungidos e aos que o recebem, proporcionando consolo aos que o experimentam e saúde aos que dele necessitam". Do mesmo modo, se alguém oferecer queijo e azeitonas, diga: "Abençoa este leite coalhado, unindo-nos à tua caridade. Concede, ainda, que este fruto da oliveira não se afaste da tua doçura por ser um exemplo da abundância que tiraste da árvore para a vida dos que em ti esperam". E, a cada bênção, diga: "Gloria a ti, ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém".

4.ORDENAÇÃO DOS PRESBÍTEROS

Ao se ordenar um presbítero, o bispo (e os demais presbíteros) impõe-lhe as mãos sobre sua cabeça e, como citamos acima, rezará dizendo: "Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo: baixa o olhar sobre este teu servo e transmite a ele o Espírito da graça e do conselho do presbitério, para que ele possa ajudar e governar o teu povo com o coração puro, da mesma forma como baixaste o olhar sobre o teu povo escolhido e ordenaste a Moisés que selecionasse anciãos, nos quais derramaste o Espírito que tinhas dado ao teu servo. E agora, Senhor, dissipando-nos o Espírito da tua graça, conserva-o eternamente em nós e torna-nos dignos de te servir com simplicidade de coração e de te louvar por teu Filho, Jesus Cristo, pelo qual te damos glória, poder e honra, ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém".

5. ORDENAÇÃO DOS DIÁCONOS

Seja o diácono eleito conforme acima referido e ordenado impondo-lhe as mãos apenas do bispo, como prescrevemos. Somente o bispo impõe-lhe as mãos porque o diácono não está sendo ordenado para o sacerdócio, mas apenas para se por à serviço do bispo, para executar o que este lhe ordenar. Ele não participa do conselho clerical, mas cuida da administração, informando ao bispo tudo o que for necessário. Não recebe o Espírito comum do presbitério, do qual participam os presbíteros, mas o que lhe é confiado pelo poder do bispo, razão pela qual somente o bispo ordena o diácono. Porém, na ordenação do presbítero, também os presbíteros imponham as mãos, em virtude do Espírito comum e semelhante do seu cargo: estes, por terem apenas o poder de receber, mas não o de comunicar o Espírito, não ordenam os clérigos mas, na ordenação do presbítero, imponham as mãos enquanto o bispo ordenar. Sobre o diácono, diga [o bispo]: "Ó Deus, que criaste todas as coisas e as ordenaste pelo Verbo, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que enviaste para cumprir a tua vontade e para nos revelar o teu desejo, concede a este servo, que escolheste para servir a tua Igreja, o Espírito Santo da graça, do cuidado e do trabalho, para apresentar em santidade, no teu Santuário, o que te for oferecido pelo herdeiro do sumo sacerdote, para a glória do teu nome, e também para que, exercendo de forma irrepreensível e de coração puro o seu ministério, alcance um grau superior para te louvar e glorificar por teu Filho, Jesus Cristo Nosso Senhor, pelo qual te damos glória, poder e honra, ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém".

6. OS CONFESSORES

Não se deve impor as mãos sobre um confessor candidato ao diaconato ou presbiterato se este já tiver sido preso por causa do nome do Senhor. Na realidade, a dignidade de presbítero é igual à honra da sua confissão. Porém, ser-lhe-ão impostas as mãos se for ordenado bispo. Contudo, se o confessor não tiver sido levado à frente do magistrado, nem posto a ferros, nem aprisionado, nem condenado a uma outra pena, mas apenas desprezado por causa do nome do Senhor e castigado de forma branda, deve-se impor as mãos sobre ele para qualquer função que lhe seja digno. Que o bispo dê graças, tal como mencionamos. Porém, não é necessário que, dando graças, se utilize das mesmas palavras que mencionamos, como se o fizesse de memória; pelo contrário, reze cada um segundo suas possibilidades. Se alguém tiver capacidade de rezar uma oração mais longa ou mais solene, melhor; contudo, se outro proferir uma oração mais simples, deixai-o pois o correto é rezar de acordo com a ortodoxia.

7. AS VIÚVAS

Uma viúva, ao ser instituída, não é ordenada, mas eleita pela simples inscrição do nome. Se o seu marido já morreu há muito tempo, seja instituída; contudo, se o seu marido não morreu há muito tempo, não se confie nela; mas se for velha, seja experimentada por algum tempo porque, muitas vezes, as paixões envelhecem com o que as abriga no seu seio. Seja, portanto, a viúva instituída pela palavra e que se junte às demais. Não serão impostas as mãos sobre ela pois não oferece o sacrifício, nem exerce a liturgia. A ordenação é para o clero, por causa da liturgia; a viúva é instituída para a oração, que pertence a todos.

8. OS LEITORES

O leitor é instituído no momento em que o bispo lhe entrega o Livro. Sobre ele também não são impostas as mãos.

9. AS VIRGENS

Não serão impostas as mãos sobre a virgem, pois bastará sua decisão para fazer dela uma virgem.

10. OS SUBDIÁCONOS

Também não serão impostas as mãos sobre o subdiácono. Ele será nomeado para seguir o diácono.

11. O DOM DA CURA

Se alguém disser que recebeu o dom da cura por revelação, não serão impostas as mãos sobre ele: os fatos demonstrarão se está dizendo a verdade.

O que você deseja destacar no texto?
Como o texto serviu para sua espiritualidade?


Nenhum comentário:

Postar um comentário